O café da manhã é frequentemente referido como a refeição mais importante do dia e, nos últimos anos, tem sido implicado no controle de peso, doenças do coração e fatores de risco cardiometabólicos1. Inclusive, são conhecidas as contribuições do café da manhã para a ingestão diária de alimentos e nutrientes importantes para a saúde. No entanto, existe uma variação significativa nas definições de café da manhã ou como também é conhecido, desjejum, e em métodos usados para relacionar a ingestão de nutrientes ao café da manhã com a qualidade geral da dieta. Ainda que essas limitações sejam pertinentes, estudos importantes, trazem resultados interessantes quanto a importância do café da manhã para saúde.
O que dizem os estudos:
Uma revisão sistemática com metanálise de 45 estudos (transversais e coorte) observou a associação do ato de “pular o café manhã” com o sobrepeso e a obesidade. O estudo seguiu duas definições par tal2. A primeira considerou o café da manhã, a primeira refeição do dia antes ou a refeição realizada dentro de 2 h após acordar, geralmente não depois das 10h, com o conteúdo calórico representando cerca de 20% a 35% do valor calórico total da dieta. A segunda opção levou em conta o consumo de alimentos ou bebidas (excluindo água) entre 5 e 9 horas após acordar. Essa padronização foi importante para a exclusão de estudos e para a confiabilidade dos resultados. A pesquisa mostrou que pular o café da manhã aumentou o risco de sobrepeso / obesidade em 48% em estudos transversais e 44% em estudos de coorte. Além disso, foi observado uma correlação positiva entre pular o desjejum e a obesidade abdominal, aumentando o risco de obesidade abdominal em 31% nos estudos transversais3.
As hipóteses mais discutidas para tais associações estariam na mudança do apetite e na diminuição da saciedade.
A omissão do café da manhã poderia levar ao aumento da ingestão calórica em outros momentos do dia, e ainda, diminuiria a sensibilidade à insulina. Em contrapartida, tomar café da manhã poderia ser útil para regular o apetite e melhorar a resposta da entrada de açúcar no sangue.
Os autores também descrevem a problemática do jejum prolongado. Quanto mais longo o tempo de jejum, maior a concentração de grelina (hormônio peptídico que estimula a fome), o que favorece as respostas hedônicas humanas, do córtex orbitofrontal e do hipocampo aos alimentos4. Outros pesquisadores também mostraram resultados similares. No estudo randomizado cruzado foi observado efeitos adversos no “pular o café da manhã”, incluindo níveis mais elevados de insulina e de ácidos graxos livres após o almoço, aumento da fome e redução da saciedade5.
No geral, a temática “café da manhã” tem sido amplamente estudada por pesquisadores no mundo inteiro, inclusive, para auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Os resultados das pesquisas direcionam para a relevância que essa refeição é capaz de ter para determinados desfechos em saúde.