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Gorduras e saúde

O que a ciência diz sobre o Ômega 3 e o risco de doenças cardiovasculares?

A doença cardiovascular (DCV) tem acometido milhões de pessoas no mundo, inclusive é considerada a principal causa de morte no Brasil. A presença dos fatores de risco como por exemplo, hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e histórico familiar aumenta a probabilidade de desenvolver DCV, além de convergir para a compreensão da prevenção primária e secundária dessas doenças1. Entendemos como prevenção primária, os fatores de risco existentes ou não em pessoas sem a doença cardiovascular, como: sedentarismo, níveis de pressão arterial e de colesterol, entre outros. E a prevenção secundária como a abordagem dos cuidados para evitar uma piora do quadro da doença2. Nesse sentido entendemos que a dieta é uma variável que está atrelada a prevenção das DCV. No entanto, a qualidade e a quantidade dos alimentos, em particular as fontes de gorduras, são relevantes3.

Qualidade e quantidade dos alimentos interferem na prevenção e tratamento das DCV

Ácidos graxos e DCV – o que dizem os estudos e sociedades

Os ácidos graxos da série ômega 3 (ω-3) principalmente, os ácidos eicosapentaenóico (EPA; 20: 5 ω-3) (também conhecido por ácido icosapentaenóico), docosapentaenóico (DPA; 22: 5 ω-3) e docosahexaenóico (DHA; 22: 6 ω-3) são amplamente estudados dentro desse contexto de dieta, suplementação e prevenção primária de DCV. Porém, recentemente foram publicados dois ensaios clínicos com uso de ômega-3 (460 mg EPA e 380 mg DHA) em 25.871 pacientes e com mediana de seguimento de 5,3 anos, que tiveram o intuito de avaliar sua eficácia na prevenção primária com resultados não significativos4. Dados recentemente publicados pela Cochrane também mostram evidências de que o ω-3 (EPA+DHA) não têm efeitos positivos ou negativos importantes em eventos cardiovasculares. Além disso, eles não parecem ter efeito na mortalidade por doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral ou arritmia na prevenção primária ou secundária. A revisão também analisou a suplementação e concluiu que, provavelmente, ela não seja útil para prevenir ou tratar doenças cardiovasculares e sim, serviria como coadjuvante para reduzir casos específicos, como os triglicerídeos séricos elevados5.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)3, ainda é questionável o papel dos ω-3 nas doses utilizadas na maioria dos estudos, principalmente no âmbito da prevenção primária2.

Desta forma, a recomendação que ainda prevalece é:

  • Incentivar o consumo regular de peixes ricos em ácidos graxos ω3;
  • Para os casos de hipertrigliceridemia grave (> 500 mg/dL), sugere-se a prescrição de cápsulas com 2-4 g/dia

Fora desse contexto, ainda não há recomendação segura para a suplementação. Diante dessas observações de estudos renomados e importantes na literatura, entende-se que o primordial é incentivar a inclusão do ômega 3 na alimentação e equilibrar todas as variáveis externas que se relacionam com as DCV.

Referências

1

Kuehlein T, Sghedoni D, Visentin G, Gérvas J, Jamoulle M. Quaternary prevention: a task of the general practitioner. Primary Care. 2010;10(18):350-4

2

D Agostino RB Sr, Vasan RS, Pencina MJ, Wolf PA, Cobain M, Massaro JM, et al. General cardiovascular risk profile for use in primary care: the Framingham Heart Study. Circulation. 2008;117(6):743-53.

3

Izar et al. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021. Sociedade Brasileira de cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):160-212.

4

Manson JE, Cook NR, Lee IM, Christen W, Bassuk SS, Mora S, et al. Marine. n-3 fatty acids and prevention of cardiovascular disease and cancer. N Engl J Med. 2019;380(1):23-32.

5

Abdelhamid AS, Brown TJ, Brainard JS, Biswas P, Thorpe GC, Moore HJ, Deane KHO, Summerbell CD, Worthington HV, Song F, Hooper L. Omega-3 fatty acids for the primary and secondary prevention of cardiovascular disease. Cochrane Database of Systematic Reviews 2020, Issue 3.

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