As dislipidemias são caracterizadas por disfunções lipídicas ocasionadas principalmente pelo aumento do colesterol, das Lipoproteínas de Densidade Muito Baixa (VLDL, sigla do inglês very low density lipoprotein) e das Lipoproteínas de Densidade Baixa LDL-c (Low density lipoprotein). Essa particularidade resulta em maior probabilidade de desenvolver as doenças cardiovasculares (DCV)1.
Segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)2, as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no país, com aproximadamente 27,65% do total de óbitos. No mundo, as DCV estão entre as dez principais causas de morte, sendo responsáveis por mais de 15,2 milhões de óbitos3.
Nos últimos anos, o padrão alimentar e o estilo de vida saudável ganharam evidência no tratamento de inúmeros desfechos associados as dislipidemias. No caso da hipertensão, por exemplo, podemos citar alguns padrões alimentares que podem auxiliar o tratamento desta condição:
- Dieta DASH (Dietary Approachs to Stop Hypertension)4: reduzida em gordura saturada e estimula o consumo de cálcio, potássio e magnésio
- Dieta mediterrânea: citada nos estudos INTERHEART5 e PREDIMED6 (PREvención con DIeta MEDiterránea), prioriza alimentos fonte de gorduras monoinsaturadas.
Nesse sentido, as diretrizes nacionais e internacionais adotam particularidades quanto a composição nutricional da dieta, com finalidade de prevenção ou tratamento de diferentes desfechos de saúde correlatados com as dislipidemias.
A começar pelo consumo de gorduras na alimentação, a sociedade Brasileira de Cardiologia e o Guideline da American Heart Association recomendam que a dieta seja isenta de ácidos graxos trans, e quanto ao consumo de ácidos graxos saturados (SAT), para indivíduos saudáveis, considerar <10% do valor calórico total e 7% para aqueles que apresentarem risco cardiovascular aumentado7,8,9. Ademais, deve-se priorizar o consumo de gordura monoinsaturada (MONO) e poliinsaturada (POLI). Estudos epidemiológicos mostram que tanto o excesso do consumo de SAT, como a insuficiência da ingestão de POLI associam-se ao aumento de risco cardiovascular. Além disso, sabe-se que o efeito do consumo dos ácidos graxos depende ainda do perfil alimentar em que se inserem, visto que a substituição de SAT por carboidratos refinados, por exemplo, pode aumentar o risco cardiovascular10.
Os documentos salientam a importância da adequação calórica, incluindo a ingestão de grãos, frutas, hortaliças e redução de carboidratos refinados, especialmente de açúcares. Também é citada a relevância do consumo regular de peixes ricos em ácidos graxos ômega 3. Em relação a suplementação, para indivíduos com hipertrigliceridemia grave (> 500 mg/dL), pode ser recomendado como parte do tratamento, suplementar ômega 3 marinho (2-4 g/dia).
A fibra é outro nutriente conhecido por auxiliar no controle das dislipidemias. O consumo do tipo solúvel, que forma um gel ligando-se aos ácidos biliares no lúmen intestinal, são benéficas, pois diminuem o colesterol plasmático. Quanto maior o grau de viscosidade da fibra, maior o efeito da redução do colesterol. Em contraste, o consumo de fibras insolúveis não mostra efeitos na redução do colesterol e do risco cardiovascular11.
De modo geral, a alimentação equilibrada junto a atividade física e o não uso do tabaco, são premissas no tocante dislipidemia. Ademais, confira as recomendações dietéticas da Sociedade Brasileira de Cardiologia:1