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Gorduras e saúde

Composição nutricional dos óleos vegetais com finalidade culinária: interferem na sua prescrição?

De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar POF (2018), os óleos vegetais ocupam a quinta posição dentre os itens consumidos com maior frequência pelos brasileiros. Dos entrevistados, 46,8% haviam consumido produtos da categoria no dia anterior. Em relação às calorias totais ingeridas, a categoria contribui com 7,7% do valor total. Essa grande contribuição faz do óleo vegetal um alimento importante para ser observado e recomendado, sob o ponto de vista de saúde. Nas prateleiras do mercado encontramos uma diversidade de óleos vegetais, mas qual o melhor em termos de composição nutricional? Separamos algumas informações a respeito dos principais! Confira:

Óleo de soja:

A soja [Glycine max (L.) Merr.] é uma leguminosa pertencente à família Fabaceae, originária do atual território do Vietnam, no leste da Ásia. Seu cultivo é conhecido na China há cerca de 5.000 anos2. O óleo de soja apresenta cor levemente amarelada, límpida, com odor e sabor suave característico. Estão presente no óleo de soja ácidos graxos poli-insaturados, como os ácidos linoleico e linolênico. Inclusive, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, no seu posicionamento de gorduras (2021)3, ressalta que:

A utilização do óleo de soja, por conter maiores teores de ácidos graxos poli-insaturado do tipo ALA (ω3), o qual é essencial para humanos e é precursor de EPA e DHA, pode ser interessante para a saúde cardiovascular.

Óleo de canola:

A canola [Brassica napus L., Brassica rapa L. e Brassica juncea L.] planta da família das crucíferas, pertence ao gênero Brassica. Os grãos de canola produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteína e de 34 a 40% de óleo4.

O óleo de canola possui elevada quantidade de ácido oleico (18:1) (gordura monoinsaturada), contém ômega 3 (ω3) (18:3), vitamina E (antioxidante que reduzem radicais livres), e baixos teores de gordura saturada.

Óleo de milho:

O milho [Zea mays L.] é uma planta pertencente à família das gramíneas é provavelmente originário da área central do México. É um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos5.

O óleo é rico em vitaminas E e A (com altos índices antioxidantes), com baixos níveis de gordura saturada e rico em ácido graxo poli-insaturado, ácido linoleico (18:2).

Óleo de girassol:

O girassol [Helianthus annuus L.] é uma semente originalmente do Peru. A extração do óleo contém elevado teor de ácido linoleico (18:2) ômega 6 (ácidos graxos poli-insaturados). Apresenta o antioxidante alfa-tocoferol, ao contrário da maioria dos óleos vegetais, que têm a forma gama-tocoferol. A desvantagem está em elevar sua temperatura, como por exemplo, nas frituras de imersão, pois acaba diminuindo a atividade antioxidante em comparação aos óleos que contém o gama-tocoferol.

A atividade da vitamina E (alfa-tocoferol tem 1,49 IU/mg) é maior do que a maioria dos óleos onde predomina a forma gama-tocoferol (0,14 IU/mg)7.

Azeite de Dendê:

O óleo de palma [Elaeis guineenses] é extraído do fruto do dendezeiro, uma palmeira originária da África que foi trazida ao Brasil no século XVII. Ele é composto por ácidos graxos saturado (ácido palmítico e ácido esteárico), mono e poli-insaturado (ácido oleico e linoleico), além de ser fonte de vitaminas E e A.

O consumo de óleo de palma contribui com o maior consumo de gorduras saturadas, as quais elevam o risco cardiovascular. O seu consumo deve ser mantido dentro do percentual de recomendação de gordura saturada na dieta3.

Óleo de coco:

O óleo de coco é composto, quase em sua totalidade (92%), por ácidos graxos saturados, dos quais o láurico representa cerca de 50%, seguido de mirístico (16%), palmítico (8%) e o restante composto por caprílico, cáprico e esteárico. Com relação às concentrações de ácidos graxos essenciais, o óleo de coco contém baixa concentração de ácido linoleico (18:2) e não contém ácido linolênico (18:3)8.

O óleo de coco é capaz de aumentar as concentrações plasmáticas de colesterol total (CT) e LDLc comparado ao consumo de outras gorduras como óleo de oliva9 e cártamo10.

Abaixo, apresentamos uma tabela comparativa do perfil de ácidos graxos de diferentes óleos vegetais11:

Fonte adaptada11: Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação - NEPA/Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Tabela brasileira de composição de alimentos/NEPA-UNICAMP. Versão ll. 2. ed. Campinas, SP: NEPAUNICAMP, 2006. Disponível em: www.unicamp.br/nepa.25 ALA: ácido alfalinolênico: DHA: ácido docosahexaenoico; EPA: ácido eicosapentaenoico; NA: não aplicável; tr.: traços.

Referências

1

POF 2017-2018: brasileiro ainda mantém dieta à base de arroz e feijão, mas consumo de frutas e legumes é abaixo do esperado. [acesso em 18 nov 2021]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28646-pof-2017-2018-brasileiro-ainda-mantem-dieta-a-base-de-arroz-e-feijao-mas-consumo-de-frutas-e-legumes-e-abaixo-do-esperado

2

MADEIRA, M., FERRÃO, M. E. M. - ALIMENTOS CONFORME A LEI -1ª Ed. Editora Manole LTDA – 2002, SP.

3

Izar et al. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021. Sociedade Brasileira de cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):160-212.

4

ARAÚJO, P. C., SILVA, C. V. da, MONTE, A. F. G., BATISTA, F. R. X. Avaliação do sobreaquecimento de óleos vegetais através de análises químicas e espectroscopia UV/VISÍVEL - Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Química Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Física, 2014.

5

ZANELA, J., Lorenzetti, E., Huller, C. T., Rodrigues, M., B. -Avaliação da influência da luz no índice de peróxido em óleo de soja degomado– U T F P R, P A T O B R A N C O, 0 3 (4). 2 0 0 8.

6

MORETTO e FETT, 1998 apud SILVA, D. S., WANDA, I.M.L., MARSIGLIA V., FREIRE, A. - ANÁLISE DE ÁCIDEZ E INDÍCE DE PERÓXIDO DO ÓLEO DE SOJA UTILIZADO EM FRITURAS- Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em ciências.

7

COSTA, S. D. C. – Obtenção e análise de propriedades e parâmetros físico-químicos do óleo de oiticica Natal/RN 2015- Monografia - UFRN/CT/DEQ – Campus Universitário - Natal - RN – BRASIL.

8

Orsavova J, Misurcova L, Ambrozova JV et al. Fatty acids composition of vegetable oils and its contribution to dietary energy intake and dependence of cardiovascular mortality on dietary intake of fatty acids. Int J Mol Sci. 2015; 16(6):12871-90.

9

Voon PT, Ng TK, Lee VK et al. Diets high in palmitic acid (16:0), lauric and myristic acids (12:0 + 14:0), or oleic acid (18:1) do not alter postprandial or fasting plasma homocysteine and inflammatory markers in healthy Malaysian adults. Am J Clin Nutr. 2011; 94(6):1451-7.

10

Cox C, Sutherland W, Mann J et al. Effects of dietary coconut oil, butter and safflower oil on plasma lipids, lipoproteins and lathosterol levels. Eur J Clin Nutr. 1998; 52(9):650-4.

11

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação – NEPA/Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Tabela brasileira de composição de alimentos/NEPA-UNICAMP. Versão II. 2. ed. Campinas, SP: NEPAUNICAMP,2006. Disponível em: www.unicamp.br/nepa.25

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